Através da escrita, eu me livro do que já não me serve, me lembro do que ficou, do que não foi e penso no que ainda pode ser. Aquelas e estas palavras tão minhas, tão nossas, agora voam livres sem destino certo por aí. Essa é a sensação que fica. Não molha como lágrima, nem incomoda como grito, mas preenche sempre o vazio que motiva. Algumas coisas precisam ser escritas para serem entendidas.
Escrever com o coração vai muito além de colocar ordem nas palavras. é preciso coragem. Coragem para fechar os olhos e sentir o que acontece ou aconteceu por dentro. Enfrentar, organizar e entender. Pouca gente sabe, mas essa atitude é rara. É difícil. E, como a gente vive mudando, é eterna.
Gosto de brincar que , quando tenho uma folha em branco, me transformo em uma super-heroína. Meu superpoder tem a ver com as palavras. Eu não salvo vidas, mas eu guio almas. Faço com que elas percebam que, não importa o quão distante estejam, existirá sempre um caminho de volta.
Escrever também tira a gente da solidão. Não da física, mas da interior. Perceber que, independente do que nos aflige, jamais seremos as únicas a passar por isso faz tudo parecer mais fácil. É por isso que eu me encho de alegria quando alguém manda um e-mail dizendo que em algum texto conseguiu descrever algo indescritível.
Porque, no fundo, no fundo, o que todo mundo quer é fazer o outro entender o que se passa por dentro. Alguns compram uma rosa, outros tomam atitude, e eu? Escrevo."
Escrever - Livro (Depois dos Quinze)
Página: 63
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